Os serviços públicos de saúde no Brasil, dentre outras falhas, não levam em consideração as estatísticas atuais que comprovam o aumento da prevalência das alergias. Muito menos, avalia o aumento da demanda por acompanhamento das doenças alérgicas. Nos países desenvolvidos, já existe uma política de saúde pública para atender estes pacientes.
"Desde Fevereiro de 2002 na França, a linha de atendimento do “Serviço de Informação sobre Asma e Alergias” recebe chamadas de pacientes asmáticos e/ou alérgicos e das respectivas famílias. Este serviço foi criado por iniciativa da Direção Geral de Saúde, que confiou a respectiva gestão à Associação de Asma e Alergias (Association Asthme & Allergies). Este serviço conta com mais de 13.500 contatos resolvidos.
A maioria das chamadas (90%) para o “Serviço de Informação sobre Asma e Alergias” (Asthme & Allergies Infos Services) é feita pelos próprios pacientes e pelas suas famílias e um em cada dez pedidos parte de profissionais de saúde. Embora ambos os grupos estejam muitas vezes relacionados, 59% das chamadas referem-se a problemas de asma e 41% a problemas alérgicos.Os pedidos recebidos, que são variados, podem ser agrupados conforme as razões que levam a fazer as chamadas e que resumem bem as preocupações dos pacientes e das suas famílias.
Estar melhor informado, principalmente sobre os tratamentos:
Os pedidos de informação específica constituem a principal razão das chamadas para este serviço. De fato, depois de uma consulta com o seu médico, o doente tem muitas vezes necessidade de esclarecer alguns pontos abordados durante a consulta e de ter ao seu dispor alguma documentação que possa consultar.
• As perguntas sobre os tratamentos vêm na primeira posição, representando 21% dos pedidos de informação. As perguntas sobre os riscos de efeitos secundários dos medicamentos, a curto prazo, mas em especial os riscos a longo prazo, e principalmente nas crianças, continuam a ser a principal preocupação. De modo idêntico, a necessidade de um tratamento de longo prazo nem sempre é bem compreendida ou aceita, e os conselheiros dedicam muito do seu tempo para tranquilizar as pessoas e para explicar-lhes a importância deste tipo de tratamento.
• As recomendações úteis para evitar os alergenos, e em especial os ácaros
do pó doméstico, ocupam a segunda posição dos contactos (17%).
• As alergias alimentares constituem a terceira principal razão dos pedidos de
informação (15%). A percentagem de chamadas sobre este tema tem vindo a aumentar consideravelmente desde o lançamento da linha gratuita e vem confirmar a angústia dos pais que têm um filho com uma alergia alimentar e que procuram soluções práticas para o problema: interpretação dos rótulos dos alimentos, conselhos dietéticos, conselhos práticos para a substituição de um determinado alimento alergénico por outro inócuo, etc.
• Por último, muitas das chamadas referem-se a casos de dermatite atópica, rinite
alérgica, etc.
Orientação para uma opção de tratamento:
Praticamente um terço das chamadas para o “Serviço de Informação sobre Asma
e Alergias” deve-se a um pedido de informação sobre um determinado tipo de
profissional de saúde ou um estabelecimento de assistência. Estes pedidos referem-se principalmente a uma orientação quanto aos especialistas a consultar (49%) e às Clínicas (31%). A verdade é que estas clíncas constituem uma verdadeira extensão das consultas médicas especializadas, e são um apoio apreciável para uma melhor gestão da doença pelos pacientes.
Falar, testemunhar:
Um número considerável de pessoas que contactam este Serviço sentem necessidade de serem ouvidas, em especial sobre o seu tratamento, e de discutirem as suas apreensões sobre a doença, que nem sempre é bem compreendida por aqueles que
estão à sua volta, quer se trate de membros da família ou de colegas de trabalho ou da escola. São muitas vezes pais de crianças
asmáticas ou alérgicas, que se sentem particularmente ansiosos quanto à doença do seu filho e que têm um enorme sentimento de solidão e incompreensão".
Christine Rolland
Diretora da Associação da Asma e Alergias, Paris (França)